Segurança em Gráficas: Equipamentos Essenciais e Cuidados Obrigatórios
Imagine um ambiente onde máquinas enormes trabalham em alta velocidade, tintas inflamáveis circulam em frascos e o barulho é constante. Esse é o cenário de muitas gráficas profissionais. Apesar de parecer comum para quem trabalha diariamente nesse setor, o ambiente gráfico exige uma atenção especial com equipamentos de segurança. Afinal, basta uma distração ou uma falha de manutenção para causar um acidente grave.
Se você tem uma gráfica ou pretende montar uma, entender os principais equipamentos de proteção individual (EPIs) e coletiva (EPCs) é essencial não só para cumprir as normas da legislação, mas para proteger vidas e evitar prejuízos.
Por que segurança em gráfica é coisa séria?
Gráficas são ambientes onde há diversos riscos ao trabalhador: químicos, físicos, térmicos e até ergonômicos. Produtos inflamáveis, como solventes e tintas, aliados a equipamentos com roldanas, facas giratórias e aquecedores, tornam esse tipo de ambiente propício a acidentes.
Além disso, segundo dados do Ministério do Trabalho, o setor gráfico já esteve entre os que mais registram ocorrências de acidentes com afastamento por mutilação de membros e queimaduras.
Por isso, é obrigação do empregador fornecer equipamentos de segurança para gráfica e treinar sua equipe corretamente.
Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) essenciais
Os EPIs são voltados à proteção direta do trabalhador. A seguir, estão os principais itens usados em gráficas de pequeno a grande porte:
Capacete de proteção
O uso de capacete de segurança é recomendado em gráficas onde há movimentação de materiais pesados ou montagem de estruturas. Ele protege contra impactos de objetos que possam cair ou se soltar de máquinas.
Óculos de proteção
Essenciais para quem manuseia produtos químicos ou trabalha próximo a máquinas com risco de respingo de tinta, solventes ou partículas sólidas. Existem modelos com lentes antiembaçantes e proteção UV.
Protetores auriculares
A maioria das gráficas apresenta níveis de ruído acima do permitido pelas normas da NR 15. Nesses casos, o uso de protetores tipo concha ou plug é indispensável para preservar a audição dos operadores.
Luvas de segurança
As luvas devem ser escolhidas de acordo com a tarefa. As mais comuns nas gráficas são:
- Luvas de borracha nitrílica (proteção química)
- Luvas de algodão com revestimento em PVC (proteção mecânica)
- Luvas térmicas (para manipular materiais aquecidos)
Avental e calçado de segurança
O avental de PVC protege contra respingos de tinta e solventes. Já o calçado com biqueira de aço é ideal para evitar acidentes com queda de ferramentas ou pallets de papel.
Equipamentos de Proteção Coletiva (EPCs)
Além dos EPIs, o ambiente deve contar com dispositivos que protejam o coletivo. São eles:
Sinalização de segurança
Toda gráfica precisa ter placas de advertência em áreas de risco, como:
- “Perigo: Alta temperatura”
- “Atenção: Produto inflamável”
- “Uso obrigatório de protetor auricular”
Essa sinalização evita acidentes e orienta corretamente os visitantes.
Sistema de exaustão e ventilação
A exposição contínua a gases e vapores orgânicos pode causar intoxicação. Por isso, exaustores e sistemas de ventilação devem ser instalados em áreas onde há uso constante de solventes e tintas.
Iluminação adequada
Trabalhar em áreas mal iluminadas aumenta o risco de acidentes. Toda gráfica deve investir em iluminação suficiente, especialmente próxima a máquinas de corte e acabamento.
Extintor de incêndio é item obrigatório
Um dos equipamentos de segurança mais importantes em uma gráfica é o extintor de incêndio. Isso porque o ambiente reúne elementos altamente combustíveis: tintas com base de solvente, papéis, plásticos e aquecedores.
O recomendado é ter ao menos um extintor por pavimento, posicionado em locais estratégicos, com sinalização visível e de fácil acesso.
Os tipos mais indicados são:
- Extintor de pó químico seco (PQS): combate incêndios de classe A, B e C (papel, solventes e curtos-circuitos).
- Extintor de CO₂ (gás carbônico): ideal para incêndios em equipamentos elétricos, como impressoras automáticas.
Lembrando que os extintores devem passar por recarga anual obrigatória conforme exigência do Corpo de Bombeiros e da NR 23.
Outras medidas de segurança importantes
Além dos EPIs e EPCs, há procedimentos e boas práticas que elevam o nível de segurança na operação gráfica:
Treinamentos constantes
Funcionários devem ser capacitados para operar máquinas, utilizar EPIs e agir corretamente em casos de emergência. Cursos de combate a incêndios e primeiros socorros são muito bem-vindos.
Procedimentos de emergência
A gráfica deve ter um plano de evacuação sinalizado, com saídas de emergência, luzes de balizamento e rota de fuga desobstruída.
Armazenamento correto de produtos químicos
Tintas, solventes e produtos inflamáveis devem ser guardados em armários metálicos com ventilação, longe de fontes de calor ou faíscas.
Inspeção frequente das máquinas
É importante checar regularmente se há fios expostos, engrenagens sem proteção ou sistemas de freio defeituosos.
Controle de resíduos
O descarte incorreto de trapos com tinta e solventes pode causar incêndios espontâneos. Por isso, devem ser armazenados em recipientes metálicos com tampa e devidamente identificados.
Normas reguladoras que se aplicam a gráficas
As gráficas precisam seguir diversas normas de segurança do Ministério do Trabalho, entre elas:
- NR 6: trata dos EPIs
- NR 12: segurança no trabalho em máquinas e equipamentos
- NR 15: define limites de tolerância a ruído e agentes químicos
- NR 23: medidas de prevenção contra incêndios
Essas normas são fiscalizadas pela Secretaria de Inspeção do Trabalho. O descumprimento pode gerar multas e interdições.
Benefícios de investir na segurança da gráfica
Empresas que priorizam a segurança do trabalho colhem resultados positivos não só em produtividade, mas também em imagem no mercado. Veja alguns benefícios diretos:
- Redução de acidentes e afastamentos
- Menos gastos com indenizações e ações trabalhistas
- Aumento da confiança entre colaboradores
- Melhora na qualidade dos serviços prestados
- Cumprimento da legislação e menor risco de autuações
Equipamentos que não podem faltar na entrada da gráfica
Logo na entrada da gráfica, alguns itens são essenciais para garantir um controle mais seguro:
- Tapete antiderrapante: evita escorregões em dias chuvosos
- Totem com álcool em gel: reforça a higiene
- Painel de EPIs obrigatórios: informa quais itens devem ser usados
- Checklists de segurança: ajudam a garantir que todos os processos estão sendo seguidos corretamente
Equipamentos de segurança devem ser personalizados conforme o setor da gráfica
Nem toda gráfica trabalha da mesma forma. Algumas são especializadas em impressão offset, outras atuam com impressão digital, flexográfica, serigrafia ou até mesmo 3D. Cada setor exige cuidados de segurança específicos.
Por exemplo:
- Gráficas offset trabalham com chapas metálicas e têm muitos banhos químicos, exigindo mais atenção ao uso de luvas específicas e máscara de proteção.
- Gráficas digitais produzem menos resíduos, mas ainda assim operam equipamentos com partes aquecidas, exigindo atenção redobrada ao uso de óculos e protetores térmicos.
- Já a serigrafia lida diretamente com telas, solventes e emulsões, sendo essencial o uso de máscara com filtro para vapores orgânicos.
Por isso, o ideal é fazer um mapeamento de riscos personalizado, avaliando cada setor e definindo quais EPIs e EPCs são mais indicados para cada equipe. Esse mapeamento pode ser feito com apoio de um técnico em segurança do trabalho ou engenheiro de produção.
O papel da CIPA dentro de uma gráfica
A CIPA (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes) é obrigatória em empresas a partir de um determinado número de funcionários, conforme previsto na NR 5. Em gráficas de médio e grande porte, ela é essencial para fiscalizar o uso dos equipamentos de segurança e promover uma cultura de prevenção.
Entre as atividades da CIPA estão:
- Realizar inspeções periódicas
- Sugerir melhorias na sinalização e layout
- Criar campanhas internas de uso correto de EPIs
- Incentivar relatos de quase-acidentes para evitar ocorrências graves
Um ambiente gráfico com uma CIPA atuante tende a ter menos acidentes e mais envolvimento dos colaboradores com a segurança do trabalho.
Tecnologia a favor da segurança no ambiente gráfico
A modernização das gráficas trouxe também soluções tecnológicas que ajudam a reduzir os riscos operacionais. Algumas delas são:
- Sensores de travamento automático em máquinas de corte
- Botões de parada de emergência com alcance acessível
- Detector de fumaça conectado à central de incêndio
- Sistemas de aspiração inteligente para evitar acúmulo de vapores
Apesar de exigirem investimento inicial, essas tecnologias contribuem para a segurança ativa, ou seja, evitam que o acidente aconteça, diferente do EPI que atua apenas quando o risco já está presente.
Itens que muitas gráficas esquecem, mas que fazem diferença
Além dos equipamentos mais óbvios, existem itens que muitas gráficas ignoram, mas que podem fazer toda a diferença na prevenção de acidentes:
- Espelhos convexos em corredores de empilhadeira
- Tapetes antiestáticos para setores com equipamentos eletrônicos
- Luvas antideslizantes para manuseio de papel em grandes quantidades
- Máscara PFF2 em áreas com pó fino de corte de papel
- Protetor solar e abafadores tipo arco, se houver operação externa (ex: expedição ou carga)
Investir nesses detalhes mostra uma preocupação genuína com os colaboradores, além de ajudar a evitar processos trabalhistas e multas da fiscalização.
E o extintor de incêndio, quem pode instalar?
A instalação de extintores deve ser feita apenas por empresas credenciadas junto ao Corpo de Bombeiros. O uso de extintores fora da validade ou sem lacre pode trazer multa, além de colocar vidas em risco.
O ideal é que a empresa contratada:
- Faça a revisão técnica anual
- Atualize o selo de inspeção
- Verifique a quantidade ideal de extintores por metro quadrado
- Oriente os colaboradores sobre os tipos de incêndio e qual extintor usar em cada caso
Não adianta ter o equipamento e ninguém saber usá-lo. Treinamento prático com simulação real de incêndio é um diferencial enorme para que a equipe aja com calma e rapidez em situações críticas.
Como escolher fornecedores de EPIs para gráfica
Adquirir EPIs de má qualidade pode ser um tiro no pé. Além de comprometer a segurança, o uso de equipamentos sem certificação pode gerar autuações graves em caso de acidente. Para escolher bons fornecedores de EPIs, vale seguir algumas dicas:
- Exigir Certificado de Aprovação (CA) do Ministério do Trabalho
- Verificar se o produto atende à norma técnica específica
- Testar amostras antes de grandes aquisições
- Optar por empresas com histórico confiável no setor gráfico
- Confirmar se há suporte técnico e entrega rápida em caso de emergência
Algumas gráficas também buscam parcerias com empresas especializadas em segurança, que fornecem EPIs sob demanda e realizam treinamentos práticos.
Quando trocar ou atualizar os equipamentos de segurança?
Os EPIs devem ser substituídos sempre que apresentarem sinais de desgaste, perda de proteção ou quando ultrapassarem sua validade. Já os EPCs devem passar por manutenção preventiva com base nas recomendações do fabricante.
Extintores, por exemplo, precisam ser revisados anualmente, e mesmo sem uso, sua recarga é obrigatória.
Como saber se sua gráfica está realmente segura?
Uma boa dica é realizar inspeções periódicas com um técnico de segurança do trabalho. Algumas perguntas que ajudam a refletir:
- Todos os funcionários usam os EPIs corretos?
- Os produtos inflamáveis estão armazenados corretamente?
- O extintor de incêndio está com validade em dia?
- Existem rotas de fuga sinalizadas e acessíveis?
- Os treinamentos são aplicados com frequência?
Responder essas questões com sinceridade pode ajudar a detectar falhas antes que elas virem um problema.